domingo, 13 de agosto de 2017

“Momentos são, iguais aqueles em que eu te amei…”



Não sei bem em que momento da minha vida tiramos essas fotos. Quando tento lembrar da minha infância vejo um véu turvando todas as minhas lembranças. Eu nunca dei importância em escrever um diário. Tínhamos tantas atividades quando éramos pequenos que nem passava pelas nossas cabeças sentar e escrever um. Hoje vejo que se tivesse escrito teria mais dados de uma infância que nem sei se foi boa ou má, eu sei que foi.

Mas voltando ao que de fato importa. Essa foto cresceu comigo. Muitas vezes, e digo muitas, olhava para elas e questionava-me quando realmente tinha sido. Nessa sessão de negativos, que seguramente tenham sido feitas com uma máquina Kodac com flash extraível, e se não me engano se chamava Love, eu estava com minha mãe e minhas irmãs. Lembro-me bem da camiseta branca de gola alta. Era de um tecido elástico. Eu realmente odiava essa camiseta porque era muito difícil de colocá-la. Será que era pelo tamanho da minha cabeça? Era grande. Sim, não nego. Voltando no tempo, quando escrevi sobre meu tio Atílio, dizem as minhas irmãs que ele me chamava de Rui Barbosa…




“Rui Barbosa foi um político, diplomata, advogado e jurista brasileiro. Representou o Brasil na Conferência de Haia, foi reconhecido como “O Águia de Haia”. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras e seu presidente entre 1908 e 1919.”

Portanto, fico honrado com essa alcunha, pois isso significa que aqueles que tinham cabeça grande eram tidos como pessoas inteligentes.

Outros detalhes dessas fotos, é o meu cabelo. Em várias delas eu estou com o mesmo corte de cabelo, portanto as dato do mesmo ano.

As muretinhas que podemos ver atrás de nós, faz-me lembrar de um certo dia, de um certo mês e de um certo ano, quando ao sair com minha mãe de compras, passamos por uma loja de brinquedos e eu vi um fogãozinho de ferro. (Naquela época, os brinquedos normalmente eram feitos com esse material). Logo me apaixonei. Acho que isso poderia parecer estranho para minha mãe porque um menino que não gostava de carrinhos sempre optava por brinquedos de meninas. Naquele tempo, ainda havia muito preconceito. Vivi numa época onde passávamos pelo período final de uma ditadura militar. Hoje em dia há muitos questionamentos a respeito de se um menino pode ou não brincar com brinquedos “rotulados” para meninas.


Mas, o meu fogão de ferro era lindo. Consigo lembrar do cheiro peculiar daquele brinquedo. Era uma mistura de ferro com óleo de máquina. Acho que o fabricante punha o lubrificante para não enferrujar…conjunturas da minha cabeça. Pois bem, nessa muretinha, justo a da direita da foto, lembro-me de estar com ele e descobrindo cada detalhes. Mais tarde foi usado para cozinhar arroz em panelinhas de ferro pequenas e fritar bolachas água e sal com óleo de verdade e aquecidos com vela. Nessa brincadeira sempre estava minha irmã Andréia e a nossa querida amiga Ana Paula. Recordo também de usármos Toddy de banana. Quando lembro desse produto muito consumido na minha infância sinto o estômago revolto. (Acho que a experiencia não deu muito certo).
Na área, que está atrás de nós, quando era dia de limpeza, bricávamos de escorregar. Púnhamos  sabão em pó e com o auxílio da vassoura fazíamos a espuma e de joelhos impulsionávamos contra a parede e deslizávamos pelos ladrilhos. Conclusão, o joelho ficava cheio de pedrinhas dentro da pele. Chegamos muitos anos depois a essa conclusão.




Bom, acho que por hoje é só. Não posso ficar muito tempo no passado embora eu goste tanto daqui. Já terei tempo para estar com todos vocês e quando realmente vou saber de todos os detalhes que me faltam.

Hora de retornar. Fiquem bem. E se lembrarem de algo escrito nesse post, por favor mandar uma carta para o futuro que assim volto em breve.

Beijos.

P.S. Estamos no dia 13 de agosto de 2017. Domingo de sol. Estou teclando num objeto chamado portátil, vermelho. Estou vendo a televisão. Um filme típicamente dominical. Canal Antena 3, Espanha. Meu gato, Johnny dorme no sofá ao lado.

O Retorno


Há anos não publico nada, meu querido e estimado Blog. Para falar a verdade, A minha irmã mais velha, Rose, descobriu por acaso os meus escritos e pediu-me para voltar a escrever. Contou-me muitos detalhes que eu não me lembrava e que contribuiu  para que eu voltasse a me dedicar nesse livro de memória.

Muitas coisas passaram desde a última vez, meu amigo. O tempo está cada dia mais escasso, as obrigações aumentaram, junto com o trabalho, enfim, já não somos mais crianças para contemplar o céu e as nuvens... já não nos cabe na nossa rotina diária, infelizmente.

Como era bom sentarmos na muretinha da nossa casa em Itapecerica da Serra, debaixo do sol de inverno, chupando mexirica, eu, minha mãe, minha irmã Rose e a minha irmã Andréia não sei bem se participava desse ritual diário. Sem falar do nosso querido cão e amigo, Tufy Nuff, Branquinha  e o meu gato, Titico. Devo dizer que isso foi lembrado esses días numa conversa com a minha irmã Rose, que ao levar para o trabalho dita fruta, acabamos por mencionar a história que acabo de te contar. Mas isso será dito num capítulo especial quando a hora oportuna chegar.

Até breve!!! Feliz de ter voltado.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ainda na Rua Dolores Dias da Silva.

Em nossa casa, na rua Dolores Dias da Silva, não recordo o número aconteceram muitas estórias. Seria difícil mencionar todas aqui. O que é a casa lembro-me pouco, pois era muito pequeno. Algumas coisas lembro por fotos, outras por o que contava a minha mãe e agora com ajuda da minha irmã Andréia. A cozinha lembro-me de um armário branco de três ou quatro portas. Pelo que contava a minha mãe, uma vez a minha irmã Rose tentou subir nele e acabou tompando com todas as coisas que haviam dentro, inclusive um jogo de chá japonês que a minha mãe havia ganhado de presente de casamento, onde punha a imagem de uma japonesa no fundo fa xícara que só se via contra luz. Acredito que tenham sobrado uma ou duas dessas xícaras. Tinha um corredor nos fundos da casa e que dava entrada pela cozinha onde estava o tanque de lavar a roupa. Era bastante estreito e coberto com telhas "Eternit". Alí minha mãe punha as garrafas vazias e também os "cacarecos". Nós tínhamos uma gata chamada Mimi, uma mistura da raça siamês com um gato rafero da rua. Certo dia minha mãe cozinhou sardinhas para a gata e pois exatamente nesse corredor nos fundos ou lateral da casa. Eu, que sempre fui muito faminto, fui lá e comi toda a comida da pobre gatinha.
Havia uma vizinha da rua Martins Chambiges chamada Eunice, a dona Eunice para nós. Ela era muito amiga da minha mãe, eu sinceramente não lembro muito bem do rosto ela. O único registro que tenho foi quando ela nos foi levar um presente e esteve em nossa cozinha conversando com a minha mãe. Depois disso só a triste tragédia que assolou sua vida. Foi assassinada com golpes na cabeça em sua casa. Acredito que foram ladrões que entraram e a mataram. Conta-se a lenda que em sua escada tinha pedaços de cérebro espalhados por decorrencia das pancadas. Verdade ou não, deixo que me digam.
Nessa mesma rua morava Dona Maria e o seu Cardoso. Senhora muito simples, com um jeitinho tabaroa, baixa e com um nariz um pouco "batatudo". Mas quem realmente conhecíamos bem era a Hedilene "Dica" filha do seu Zé sapateiro e dona Helena. Lembro-me que a sua casa, nos fundos, era um verdadeiro armazém de sapatos. Uma vez estivemos na sua casa e ela resolveu fazer o famoso patê de pimentão da tia Assunta, que faço até hoje em casa, só que ela esqueceu de apurar o paté no fogo e serviu assim mesmo. Outro episódio que contava a minha irmã Rose foi um dia que ela foi insultada por uma mulata que agora não me lembro o nome, e nessa discussão atirou a lata de extrato de tomate "Elefante" na cabeça da menina. Sempre que ouço essa estória contada pela minha irmã, me parto de riso. Do outro lado da rua, quase em frente da nossa casa, morava a família de Dona Lourdes, uma professora primária muito competente e quem estudou com ela dizia que era uma fera. Na casa morava seu marido Seu Francisco, vulgo Zico e o filho único Junior, nosso querido Ju. Junior era uma criança bastante mimada pelos seus pais, tinha de tudo. Tudo que era novidade la vinha ele mostrar para nós. E como em casa éramos muito humildes, não tínhamos dinheiro para tantas regalias, a verdade que não passávamos fome, mas o dinheiro era investido de outra maneira, ficávamos "babando" com os brinquedos do Ju. Ele era gordo, mas sempre foi alto, assim como sua mãe, um doce de pessoa. Só que as famílias da vizinhança sempre diziam que, nas festas, ele comia muito. E me pergunto: Qual criança na nossa idade não come salgadinhos e doces em demasia? Não gostamos de espinafres, acelgas, ervilhas, mas sabemos que nas festas só serviam besteiras.
Bom, fico por aqui e depois conto mais sobre esse nosso amigo Junior e que  vão ter uma grande surpresa.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vasculhando o baú.

Eu nem sei como começar esse capítulo. A ansiedade e a alegria que me envolve torna-se nítida às pessoas ao meu redor. Conto-lhes:
Ao abrir o moderno recurso da caixa de correios virtual que veio substituir as antigas caixas para correspondências de papel deparei com uma linda e comovente carta de minha mais fiel contribuinte irmã Andréia, que trouxe para nós inspiração para esse novo relato que vou pôr agora no "papel". Estamos preparados? Vamos lá...

                                                                        ...

Quando eu era pequeno as brincadeiras eram muito mais lúdicas do que se veem* agora. Não haviam jogos de computadores e nem sequer existiam. Pode ser e sim que já haviam inventado mas não para o público e sim para as grande empresas norte-americanas.
Eu e minha irmã Andréia tínhamos brincadeiras que as crianças nem sonham em brincar. Lembro-me que as minhas irmãs iam para escola e eu ainda muito pequeno ficava em casa com a minha mãe. Eu gostava muito de acordar cedo, quando minha mãe ainda dormia e ir para sala assistir televisão. A programação infantil era muito forte nesse horário. Começava a assistir os desenhos, que ao meu ver nem se comparam aos de hoje. Um dia estava na sala, deitado no sofá verde de couro, que ficava encostado na parede debaixo da janela e adormeci vendo a televisão. Quando acordei, minha mãe tinha posto a mamadeira do meu lado. Ah! Não sabem como essa cena me persegue. Eu sinto o cheiro do café com leite como se fosse hoje e depois de grande nem consigo sentir o cheiro sem me vir a vontade de vomitar. Mas na lembrança tudo fica saboroso. Na sala de casa estavam o sofá, como mencionei anteriormente, no meio da sala uma mesinha de centro feita de madeira com uma pedra mármore branca encima. Nessa mesa quantas vezes eu e a Andréia brincamos de "massinha", uma massa de plastilina para modelar. As nossas unhas ficavam cheia de massinha grudadas deixanda aquele aspecto de sujeira. Bom, no outro lado da parede ficava a estante, também de madeira que era dividida. Embaixo tinha duas portas pequenas onde guardávamos papeis, livros...depois  encima tinha outra porta que se abria na vertical que era como um mini barzinho. Ao abrir essa porta ainda sinto cheiro de Martini e Cinzano, bebida muito apreciada pela minha mãe. Da sala já não me lembro mais.
Mas deixemos para falar da nossa casa em um outro capítulo. Queria mesmo voltar as bricadeiras que tive com minha irmã. Brincávamos muito na terra, com barro ou argila. Fazíamos comidinha de barro. O que mais gostava de fazer era suspiro de barro. O azeite ou óleo fazíamos macerando uma flor que se não me engano era trepadeira, pois no muro, perto do portão havia um monte dela. Era vermelha e se tirássemos a flor do seu receptáculo conseguíamos um "melzinho" (Seiva), que cansávamos de chupar, pois era muito doce. Com um pó vermelho-alanjado, que não me vem na memória, chamávamos de "clorofíco", traduzindo, colorífico, usado muito na culinária para dar cor aos alimentos. Acredito que era feito com pimentão ou azafrão. Quanta imaginação. Certa vez, minha irmã Rose, temida por mim por ser maior e muito brava, resolveu "brincar" conosco. Com um pedaço de pau de vassoura fazia um buraco na terra, enchia de água e aquilo se transformava em lama. Sacava o pedaço de pau lameado e ficava com uma cara de triste, pois sabia já daquela eu era muito sentimental, e dizia em voz chorosa: " Quem é meu filho põe a mão aqui...", repetindo muitas e muitas vezes e claro que para mim na primeira frase já tascava a mão naquela lama. Conclusão, contraí uma bela de uma micose que despelou toda a minha mão. O pior foi ter que pôr uma pomada verde-amarelada que mais parecia moco de nariz e não poder mais brincar em uma de minhas brincadeiras favoritas.

Outro divertimento era, como disse anteriormente, o das massinhas de modelar. Fazíamos bonecas pequeninas de plastilina, com detalhes impressionantes. Uns vestidinho de época, estilo "E o vento levou...", pois sempre gostei das vestimentas antigas. Tínhamos também os acessórios, como chapéus, batom tudo feito em massinha e pequenos como a cabeça de um palito de fósforo. A casinha das bonecas era em uma caixa de madeira onde vinham os gizes de lousa, usado muito por nós para fazer amarelinha, na verdade usávamos mesmo o tijolo, mas algumas vezes eram feitos com giz colorido.

Meu pai cultivava uma parreira de uva no quintal dos fundos de casa onde dava entrada também para a cozinha. Com as uvas verdes eu e minha irmã Andréia fazíamos de bonecos...meu Deus!!! Quanta imaginação!!!

Há muito mais brincadeiras que tenho que pôr aqui, mas por hoje ficam essas. Queria só ressaltar uma coisa mais. Minha tia Assunta tinha uma boneca assustadora. Sabem as bonecas antigas, estilo a do filme " O que terá acontecido com Baby Jane" ( What ever happened to Baby Jane), e eram chamadas de bonecas de louça. Para que não sabe "louça" também é a denominação usada para os serviços de mesa, como pratos, xícaras, pratinhos de sobremesa e etecetera. Pois bem, uma vez a minha irmã a tinha em suas mãos e ao balançá-la ouvia-se um ruído que vinha de dentro da boneca. Um ruído assm como pratos partidos. Eu, claro, com a minha grande imaginação, pensava que dentro da boneca haviam pratinhos, xícaras todas pequeninas...ai que ilusão de abrir aquela boneca e pegar todos aqueles objetos. Será que realmente haviam pratinhos dentro? E por isso chamávam de boneca de louça? E por que não?





Mundo novo, vida nova III

Com muito carinho recebi hoje da minha irmãzinha do coração, Andréia, complementos que fazem toda a diferença na minha narrativa. Preparados? Então vamos lá.

Realmente, quase não me lembrava da lousa que havia pregada no lado direito do corredor que davapara a sala da minha tia. As flores artificiais que tinham, como decoração, na sala não me lembro. im, me lembro bem um dia que eu e a minha irmã tinhámos ido na casa da tia Assunta e o nosso tio Atilio sempre comprava o jornal "A Folha de São Paulo" e guardava para a minha irmã o suplemento de domingo chamado "Folhinha de São Paulo" dedicado as crianças. E naquele dia tinha saído para recortar e montar os personagens do Maurício de Souza, Horácio e sua namorada Lucinda...são momentos que eu nunca esquecerei.







As andorinhas vieram voando em minha memória assim que minha irmã me disse que estavam penduradas na parede de fora da casa. Parece que as vejo agora na minha frente.



A Nossa senhora da Penha não me lembrava mas sim do lugar aonde estava. Parecia-me tão bonita alí, na parede.



As balas eu ia abrir um capítulo a parte, mas como fora mencionado pela Andréia, lembro-me bem do gosto de anis e adorava quando a nossa tia nos dava. O papel era branco escrito em verde. Naquela época, a minha mãe comprava as balas "Soft". Eram balas coloridas sortidas de frutas. Tinha um buraquinho no centro da bala que por sinal era redonda. Um perigo!!! Muitas crianças se engasgavam com essa bala e claro, inclusive eu. Certa vez chupei uma de café e me engasguei. Um sufoco. A minha irmã Rose gostava da Bala "Soft" de caramelo e as de frutas ela pegava um martelo e dava na bala até que se rompia e virava pó. Depois chupava o pozinho que ficava. Foi adotado por mim anos depois. Tinha também a bala "Kids" de doce de leite, adoravamos e cantávamos a musiquinha do comercial...Minha irmã Rose falava que o menino do comercial parecia com um vizinho chamado Andrézinho.

"Roda, roda, roda baleiro atenção.
Quando baleiro parar ponh a mão.
           Pegue a bala mais gostosa do planeta..."




Por hoje eu fico por aqui. Agradeço muito Dé de estar visitando o meu cantinho. Te amo muito.
O Francis esteve aqui hoje e comemos camarão com salada de alface. Muito boa a companhia do meu grande amigo  casa. Beijos e depois eu volto.


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mundo novo, vida nova II

A memória ainda me falha, mas seguimos contando estórias que fizerm parte da minha vida e de minhas irmãs.
Na casa da minha tia Assunta tinha um corredor que fazia conexão com a sala. Deste, só me lembro que o banheiro ficava do lado direito. Entrando na sala nos deparávamos com uma mesa imesa de madeira de mógno, muito comum naquela época, mas tão grande como da tia Assunta nunca vi. A sala era enorme. Do mobiliário lembro pouco. Eu gostava muito de uma luminária estilo anos setenta e com várias cores ao lado da televisão onde meu tio Atilio passava as noites vendo "Bang-bang à italiana". A cristaleira, também de madeira estava encostada na parede do lado da porta. Lembro um dia que fomos todos ver a novela, pois meus tios tinham ido viajar. Será que foi essa vez que eles foram para o Panamá? Enfim, logo confirmarei. Nesse dia, lembro-me bem da minha mãe tomando licor de menta que a minha tia tinha encima da cristaleira. Claro, essa era a oportunidade de tomar um bom licor e ver a novela em uma televisão em cores pois a nossa ainda era branco e negro. Sem falar na cortina que cobria a grande janela e que dava para o quintal da nossa casa. Quantas vezes eu e minha irmã Andréia brincamos com os puxadores da cortina...eram como os puxadores tradicionais, com franjas e claro que a nossa imaginação os transformavam em cabeças de bonecas e seus respectivos cabelos longos. A porta da sala dava para o lado de fora da casa onde tinha uma pequena terraça e na parede, como era de costume um nicho para pôr os santos de devoção de cada um. Ela tinha um, mas não sei qual era, mas lembro-me bem que era iluminado por uma luzinha. Logo depois da sala tinha o quarto do casal. Uma cama grande, uma penteadeira, que já não se usam mais e digo já que é uma pena pois adorava esses móveis. Um grande guarda-roupa, também de madeira encostado ao lado direito da parede para quem entrava na habitação. E uma janela que dava para o quintal já de frente para o portãozinho de madeira, quando ainda se podia ter o luxo de estar livre sem medo de assaltos. Acredito que foi nessa mesma ocasião, quando meus tios viajaram e deixaram no quintal da frente uma montanha de areia a que seria usada para alguma construção na casa. Para quê? Como deixar uma montanha encantada para meninos da nossa idade? Passamos quase todos os dias mergulhando na areia. Fazendo túneis, saltando, rolando. Lembro-me que estavam minha irmã Andréia, companheira de sempre nas minhas brincadeiras, Ana Paula, uma mulada bonita que se mudara a casa ao lado da minha tia, se não me equivoco, e eu. Conclusão, o que era duna virou praia. Esparramamos toda a areia e claro que a bronca veio depois que eles voltaram de férias. "Abbiamo lasciato. Tia  Assunta stava come una bestia."

                                                                            ...

Bom, vou terminando por hoje. Sabem quem nos veio visitar hoje? A minha querida irmã Andréia. Trouxe-me informações do passado que nos vai ser muito útil daqui para frente. Seja muito bem- vinda, irmã. Quero-te sempre aqui nesse cantinho. Um beijo enorme e te amo muito.
Francis, que manhã extraordinária. Aquilo só acontece conosco. Parece que atraímos os loucos.
Um beijo e voltamos depois. E a você querido amigo, não esqueci do batismo. Logo, logo terás um nome. "Arrivederci".

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Mundo novo, vida nova.

Pouco me lembro da época da minha infância. Algo deve haver passado para que me esquecera de fatos da minha vida. Os próximos seguimentos não serão datados pois são lembranças que vem e vão no oco da minha memória.

Lembro-me bem da vizinhança. À rua Dolores Dias da Silva cresci rodeado de amigos, brincadeiras, manhãs e tardes cujo céu era destinto aos de hoje, mais claros e puros. Estavamos um pouco depois do meio da rua para quem descia a costa. Ao nosso lado morava um casal já de idade, de nacionalidade italiana, sem filhos que se tornaram nossos tios emprestados pois foram os padrinhos de batismo da minha irmã Andréia. Logo, os chamavamos de tios. Seus nomes, Atilio e Assunta Morasi. Em sua casa passavamos as tardes e noites. Tia Assunta era uma típica italiana na hora de fazer a saborosa e farta comida . Na Cozinha tinha um rádio antiguissímo onde ouvíamos às seis da tarde a Ave Maria com um copo de água ao lado para benzer. Depois da oração tomávamos um gole da água benta. Lembro-me e sinto agora o cheiro que emanava na cozinha. Não sei bem como descrever, mas era uma mescla de temperos, como orégano, cheiro verde, manjericão que vinham das panelas com um suculento molho de tomates. Para quem entrava na cozinha, passava por uma cortina de tiras de plásticos verde. Ao entrar havia ao lado direito e encostadas na parede duas cadeiras de madeira estofadas de azul. Logo em frente tinha a mesa encostada na parede onde havia uma janela e quatro cadeiras ao redor. Do lado direito estava o rádio encima de um móvel que guardava a máquina de costura de pedal e abaixo minha tia guardava as revistas antigas e o álbum de figurinhas Galeria Walt Disney completado por minha irmã Andréia. Adorava esse álbum. Caminhando em frente estava o fogão, a pia e uma dispensa tapada com uma cortina de tecido. Recordo do armário debaixo da pia com uns círculos com furinhos que era utilizados como respirador. Alí estavam as colheres de madeira, penduradas na porta. O chão era de ladrilhos vermelho muito bem conservados e brilhantes. Nós passávamos muito tempo alí na cozinha da tia Assunta. Mulher baixinha e gordinha, cabelos brancos anilados, usava óculos e tinha uma pele alva. A verdade é que, às vezes, parecia que usava barba, pois me lembro de ver uns pêlos no queixo. Usava uns chinelinhos que já sabíamos quando vinha pelo ruído que fazia. Lembro-me dos bailes proporcionados por ela entre minhas irmãs onde dançavam valsas e muitas vezes uma de minhas irmãs com um escova de cabelo antiga, marrom e os cepillos creme fazendo de microfone. Quando minha tia fazia pizza...Ah! Eu nunca comi uma pizza igual. Uma massa fina e crocante feita por ela mesma...

                                                                               ...

Bom amigo, por hoje retorno pois já passa da meia-noite e meia. Hoje tive um dia muito mal. Uma forte depressão veio me visitar. Mês de Agosto, férias de muitas pessoas e as aulas particulares de português estão escassas. Enquanto Alvaro costurava fiquei aqui lembrando de um tempo que nesse plano não volta mais. Tenha uma boa noite e a ver se amanhã pode ser melhor.